Buscar o manejo adequado e controle contínuo da via aérea, pelos profissionais de saúde, é fundamental para garantir a segurança e proteção dos pacientes. Mas existem situações clínicas onde as características físicas e/ou fisiológicas representam dificuldades e desafios para o controle da via aérea. Podem ocorrer eventos adversos de gravidade elevada relacionados a falha da capacidade de ventilação pulmonar e com a rápida instalação de hipoxia. Na década de 1990, estes eventos foram foco de muita atenção e alguns estudos alertaram que cerca de 72% dos eventos poderiam ter sido evitáveis (Closed Clains Analysis – Anesthesiology 72(5):828-833, May 1990). Como resposta, a American Society of Anesthesiologists (ASA) formou uma força tarefa de especialistas que elaborou e lançou em 1993, o primeiro Practice Guideline for Management of the Difficult Airway. Este documento foi inovador e pioneiro pois além de apresentar definições claras e objetivas de conceitos (definição de Via Aérea Difícil) e cenários clínicos possíveis (Via aérea difícil prevista, Via aérea difícil não prevista, Dificuldade de ventilação e/ou intubação traqueal), também oferecia recomendações e orientações para um atendimento racional e eficiente dos problemas.
Este algoritmo foi revisado e atualizado em 2003 e 2013 onde foram incorporados dispositivos revolucionários como por exemplo: os supraglóticos e os videolaringoscópios. A ASA apresenta a mais nova atualização agora em 2022 e autorizou a SAESP a oferecer uma versão em português aos anestesiologistas brasileiros.
O 2022 American Society of Anesthesiologists Practice Guidelines for Management of the Difficult Airway
Esta atualização mostra como principais novidades:
Um time de especialistas Internacional. Diferentes dos anteriores, esta força tarefa contou com especialista de vários países além dos Estados Unidos, como: Índia, Irlanda, Itália e Suíça. Várias Sociedades internacionais também contribuíram.
Novas recomendações para administração de oxigênio suplementar antes, durante e após a manipulação da via aérea.
Discute alternativas para ventilação invasiva e não invasiva nos cenários de via aérea difícil.
Enfatiza a importância de ficar atento a passagem do tempo durante as manobras e de minimizar o número de tentativas com diferentes equipamentos ou técnicas.
Discute de forma mais robusta as recomendações para a extubação traqueal e do manejo da via aérea pediátrica.
Apresenta novos infográficos que podem ser uteis para consultas rápidas e como painéis de orientação.
Os algoritmos e guias para controle da via aérea se mostraram, ao longo do tempo, extremamente importantes porque chamaram a atenção da comunidade médica para os desafios e dificuldades relacionados ao manejo adequado da ventilação e oxigenação dos pacientes, eles mudaram positivamente a prática dos anestesiologistas por todo o mundo, contribuindo para aumento da segurança dos pacientes e diminuição dos desfechos desfavoráveis.
Dr. Maurício Malito
Este material pode ser baixado gratuitamente pelo link a seguir.
2022-American-Society-of-Anesthesiologists-Practice-Guidelines-for-Management-of-the-Difficult-Airway-Portuguese.pdf (saesp.org.br)