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A importância da Anestesiologia nos cuidados paliativos

Entrevista

05/01/2023

A medicina moderna permitiu que um número significativo de enfermidades pudessem ser controladas ou curadas. Contudo, quando esses desfechos não são possíveis, surge a medicina paliativa, cujo objetivo é cuidar do paciente nesse momento crítico para que ele possa ter mais conforto e dignidade no seu cuidado.

Segundo explica Guilherme Antonio Moreira de Barros, Vice-Diretor de Relações Internacionais da SAESP e diretor do Núcleo de Dor e Cuidados Paliativos da mesma instituição, “estar em Cuidados Paliativos não é ter uma sentença assinada. Conhecemos casos de pacientes que estão em Cuidados Paliativos há anos e dia a dia enfrentam com dignidade suas enfermidades. Os paliativistas são essenciais durante a fase de adoecimento, e ajudam em grande medida a atenuar todos os sofrimentos e dores de pacientes e suas famílias”, explica.

Dentro deste cenário, a anestesiologia tem um papel fundamental, sendo responsável pelo controle da dor e de outros sintomas associados a doenças crônicas e em fase avançada. Inclusive, segundo Barros, os anestesiologistas brasileiros foram uma das primeiras especialidades a oferecerem Cuidados Paliativos, uma vez que possuem habilidades e conhecimentos específicos para proporcionar alívio da dor e sofrimento, além de outras complicações que possam surgir, como náuseas, vômitos, dispneia e agitação.

Os Cuidados Paliativos dentro movimento “hospice” moderno, inicialmente proposto por Cicely Sounder, retomam os valores iniciais da prática médica em que o doente passa a ser visto como um todo. A sua prática requer a existência de equipe multidisciplinar (médicos, enfermeiros, assistentes sociais, entre outros), para desenvolver um plano de tratamento holístico e individualizado para cada paciente. Isso pode envolver o uso de terapias não medicamentosas, como musicoterapia, massagem e acupuntura, além do uso de medicamentos para controlar a dor e outros sintomas.

O Rei do futebol, Pelé, falecido em 29 de dezembro de 2022, em São Paulo, passou a receber Cuidados Paliativos na última semana de vida pela equipe médica do Hospital Israelita Albert Einstein. Enfrentava um câncer de cólon, diagnosticado em 2021 que apresentou metástases no intestino, pulmão e fígado. Diante de uma doença que ameace a vida e tenha poucas – ou nulas – possibilidades de cura, como nesse caso, os paliativistas entram em cena e protagonizam o cuidado com objetivo de prover conforto e de “aliviar as dores e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais”, como definido pela Organização Mundial da Saúde.

Outra função importante da Anestesiologia nos cuidados paliativos é fornecer suporte para pacientes que desejam receber tratamento em casa, permitindo que eles permaneçam em um ambiente confortável e seguro.

“Todos, inevitavelmente, nos confrontaremos com a morte. Quando esse momento difícil chegar aos nossos pacientes, devemos nos questionar se estamos oferecendo aquilo que eles gostariam de receber, assim como se estamos dando a eles a oportunidade de serem ouvidos da mesma forma que gostaríamos de ser ouvidos quando chegar a nossa vez de sermos tratados”, diz Barros.

Cuidados paliativos são terapias de relativo baixo custo e complexidade que resultam em um enorme benefício na qualidade de vida do indivíduo e de seus familiares e os anestesiologistas desempenham um papel vital nesse processo, fornecendo alívio da dor e de outros sintomas associados a doenças crônicas e em fase avançada, além de ajudar os pacientes a se manter da forma mais confortável e digna o possível.

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